O Natal aproxima-se e as dúvidas sobre o que oferecer começam a estar na ordem do dia, e isto fez-me questionar sobre o ato de dar presentes x ser presente. Todos adoramos receber presentes, mas adoramos ainda mais quando sentimos o amor e a presença de quem nos oferece.
A produção em massa acabou por nos retirar do cenário este tempero mágico de dar presentes. Vivemos numa sociedade patriarcal em que somos impulsionadas a ter coisas, a comprar e acumular bens materiais e assim a buscar um estilo de vida insaciável. O ter é uma ilusão, é efémero, esgota-se nele próprio, alimenta-se dele próprio e acabamos por nos exigir inconscientemente ter sempre mais.
Esta necessidade de ter ou dar coisas porque um dia podem ser vir a úteis está-nos entranhada nas células e vem da nossa ancestralidade, de uma época em que a comida e as ferramentas eram escassas e era preciso reservar por uma questão de sobrevivência.
Na minha opinião o ter não está de todo errado, só não deve é servir para preencher um vazio e sim para nos trazer as experiências que a nossa alma deseja e precisa para se poder cumprir plenamente.
O ato de presentear não tem de ser uma simples formalidade e pode ser transformado num momento de conexão, tanto para a pessoa que dá como para a pessoa que recebe.
Cabe-nos a nós resgatar o poder de ser e vez de ter e de colocar em cada oferta uma intenção que celebra um momento de união, de amizade ou de amor.
O ser liga-se com o nosso lado feminino e ensina-nos a estar presente com inteireza para cada momento, em cada relacionamento, em casa ou no trabalho, nas pequenas ou nas grandes coisas, no dia-a-dia ou nas celebrações.
A minha sugestão é que antes de comprar pergunta se é útil ou se se conecta verdadeiramente com a alma e coração de quem recebe.
Desejo-te uma feliz celebração!